Apesar dos conflitos com a família de origem não aparecerem
no topo do ranking dos 38 motivos que levam os casais brasileiros a brigarem, a
relação com a sogra ainda é um problema para 26% dos entrevistados que
participaram da pesquisa realizada pelo Instituto do Casal, em junho de 2018.
Em segundo lugar, quando feito o recorte sobre a família de origem, aparecem os
cunhados e cunhadas com 17%. Por último, surge o sogro, com apenas 8%. Segundo
as psicólogas Marinas Simas de Lima e Denise Miranda de Figueiredo, terapeutas
de casal e família e cofundadoras do Instituto do Casal, as queixas mais comuns
estão ligadas à interferência da família de origem, em especial da sogra, em
assuntos que só dizem respeito ao casal. Veja as considerações das
especialistas.
Os conflitos entre sogras e noras geram piadas e até filmes
que retratam as dificuldades nesse relacionamento. Entretanto, não há nada de
engraçado. Pelo contrário, pode se tornar uma relação tóxica e afetar muito a
vida a dois.
O parceiro, em especial, fica no meio do fogo cruzado entre
a esposa e a mãe. E, muitas vezes, se vê obrigado a escolher um lado.
Infelizmente não é o que deveria acontecer, porém em algumas situações podemos
precisar fazer essas escolhas para construir a vida a dois.
A sogra pode ver a nora como uma rival, que nunca irá cuidar
do filho tão bem quanto ela ou ainda pode considerar que a nora não está
educando ou criando os netos como ela faria, por exemplo.
Há também muitos problemas quando os sogros querem impor
suas opiniões sobre a as questões financeiras do casal. Em outros casos, os
sogros não respeitam a dinâmica do casal e tendem a querer manter o papel de
autoridade ou podem pressionar o casal a seguir o mesmo modelo, os mesmos
valores ou normas da família de origem.
O resultado da pesquisa sobre os cunhados foi surpreendente.
Em geral, a maioria dos conflitos entre cunhados e cunhadas acontece por
ciúmes, rivalidade e competição pela atenção dos sogros.
Como equilibrar as relações familiares?
Infelizmente, os conflitos com a família de origem, quando
não resolvidos, podem gerar estresse e, como consequência, podem afetar o
casamento e a relação do casal com a família de origem.
O casal pode começar a evitar os encontros familiares e se
distanciar em demasiado da família de origem. Um certo grau de distanciamento é
importante para que o casal possa construir sua identidade conjugal e assumir
novos papéis, vivendo como casal e não mais como filho ou filha. Mas,
afastar-se não significa não visitar mais, não falar mais ou ainda viver em
conflito.
Vale ainda ressaltar que cada membro do casal traz padrões
de comportamento para o relacionamento que irão influenciar na construção da
nova família. Entretanto, nem sempre esses padrões são bons.
Essa “bagagem” familiar pode interferir na construção de um
relacionamento positivo e resultar em conflitos importantes. Nestes casos, a
terapia de casal pode ajudar muito a identificar os fatores que estão impedindo
o crescimento conjugal.
Veja agora algumas dicas para lidar com os conflitos com a
família de origem:
Casal unido jamais
será vencido: A primeira dica é a união do casal. Os problemas com a
família de origem, seja com a sogra, sogro ou cunhados são do casal. Portanto,
é preciso partir dessa premissa para pensar em soluções em conjunto.
Fale dos seus
sentimentos: Outro ponto importante é que se você está passando por algum
problema com a sogra ou outro parente, fale abertamente com seu (sua) parceiro
(a). Porém, aqui vai uma dica: diga como você se sente, sem atacar a pessoa.
Exemplos: “eu me sinto chateada quando sua mãe diz isso ou faz aquilo...”.
Lembre-se: mãe é
mãe, então evite criticar a sogra, expresse como você se sente. E se fosse a
sua mãe? Você iria gostar de ouvir críticas sobre ela? Isso também vale para o
sogro, cunhados e cunhadas.
Entenda as diferenças.
Cada família é única: O casamento envolve a união de suas pessoas criadas
sob diferentes valores e cultura. O que é normal para uma família, pode não ser
para a outra. Mas, lembre-se que o casamento é a construção de uma nova
família, com novos valores e com uma nova identidade, formada pelo casal.
Estabeleça limites:
O combinado não sai caro. Já ouviu essa expressão? Deixe claro para as famílias
de origem quais são os limites da interferência aceitos pelo casal.
Traga o bom, deixe o
ruim: Todos nós trazemos para os relacionamentos afetivos a bagagem
familiar. Porém, identifique o que pode ser benéfico para sua nova família, o
que pode ajudar a fortalecer o relacionamento. Avalie o que não foi tão bom
assim e procure evitar repetir esses padrões.
Pense nas crianças:
Caso você tenha filhos, procure não privá-los da convivência com os avós, tios,
tias, primos e primas. Isso é muito importante na construção da identidade da
criança, da personalidade, da história da família.
Nem tudo tem solução:
Por fim, há problemas que simplesmente não podem ser resolvidos. Aceite e
procure conviver da melhor forma possível com isso.
PENSE NISSO
"A verdadeira viagem de descobrimento não consiste em
procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos".
Marcel Proust
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