Você sabe em que momento deveria fazer um brinde em um casamento? Segundo o professor Augusto Cesar, seja em mesa de bar (tomando cerveja ou refrigerante), em eventos sociais (casamento e baile de debutantes), na vitória das corridas de F1 aos domingos, em jantares protocolares e por ai vai, sempre se faz presente uma tradição milenar: o brinde. Você conhece a origem desta tradição? Confira as considerações do especialista em Cerimonial, Protocolo e Etiqueta em Eventos Institucionais.
Há diversas lendas e versões sobre o nascimento desta confraternização tão gostosa e alegre. Diz-se que teria se originado na Antiguidade, pois os relatos mais antigos de brindes remontam aos gregos e fenícios. Durante os acordos de paz entre povos em guerra, o mediador do acordo deveria se levantar, proclamar sua decisão e tomar o primeiro gole da bebida (normalmente vinho, a mais mística das bebidas), provando assim que ela não estava envenenada, e que poderia então ser degustada pelos cansados guerreiros.
Mas qual o significado de se tocar (bater) as taças? Bem, historiadores explicam que o brinde selava o fim dos conflitos. O vencedor dava o primeiro gole para provar que não iria envenenar o adversário. Em seguida, batia sua taça na do outro interlocutor.
Ao bater um copo no outro, o eventual veneno que poderia estar depositado no fundo das taças se espalharia pela bebida causando a morte certa ao degustador, caso este estivesse blefando. Desta forma, o brinde era prova de honestidade e, (muito importante!) celebraria tempos de paz.
Nas celebrações - jantares comemorativos ou de homenagem, festas de noivado, etc. - os brindes e discursos são praticamente obrigatórios. O brinde é tradicionalmente erguido com champagne (ou espumante), vinho ou alguma bebida destilada. Por isso não se levanta brinde em um Chá, um tipo de recepção onde sequer é servida bebida alcoólica.
Há uma escala de precedência para brindes e discursos que segue o protocolo. Em qualquer recepção, deve falar primeiro o anfitrião. Após ele, fala o mais importante de seus amigos e só então fala o convidado de honra, seguido de quem mais queira se manifestar em relação ao homenageado.
Se o anfitrião nada diz, depois que os pratos da refeição principal forem removidos (antes do início da sobremesa) qualquer um que deseje pode pedir licença ao anfitrião para solicitar a atenção dos convidados e propor um brinde, ou fazer um discurso.
Brindes devem ser feitos apenas após a chegada dos convidados principais, ou da maioria deles, estando presente o convidado de honra e, evidentemente, o homenageado. Uma pequena introdução é feita compreendendo o convite ao brinde, e a referência ao homenageado e ao motivo do brinde.
Aquele que vai brindar fica de pé e convida os demais convivas a se porem também de pé. Não havendo esse convite - o qual geralmente não é feito nas cerimônias íntimas -, todos os demais podem permanecer sentados e, terminado o discurso do brinde, apenas erguem a taça antes de beber.
Não é necessário que se toquem as taças em recepções de cerimônia, estas podem ser apenas erguidas até duas vezes consecutivas, a primeira na direção daquele que propõe o brinde significando concordância com a homenagem, e a segunda na direção do homenageado (pode ser mais de um, no caso de noivos), se estiver presente. Mas pode cada convidado tocar a taça do que está à sua direita e à sua esquerda.
O brinde é um pronunciamento breve. Um exemplo simples: erguendo-se de seu assento, e no momento oportuno, você pode dizer: "Desejo propor um brinde em homenagem ao casal X e Y, augurando-lhes uma vida matrimonial sempre favorecida pela Providência com uma plena felicidade e a realização de suas mais altas aspirações. Saúde!" Enquanto falar, divida seu olhar entre o homenageado e os demais convivas. Seja criativo, sem ser prolixo.
A pessoa ou o casal, ou o grupo de pessoas que são homenageados com o brinde não se levantam nem bebem no momento em que os demais bebem em sua honra. Depois de dar tempo a todos que desejarem se manifestar, os homenageados ou um deles falando em nome dos demais pode pôr-se de pé e agradecer com algumas palavras, as manifestações recebidas.
Se a homenageada é uma pessoa idosa, basta simplesmente um gesto seu, como inclinar a cabeça em agradecimento ao tempo de cada manifestação, voltando-se na direção de quem a saudou e das pessoas que responderam ao brinde em ambos os extremos da mesa.
Brindes e discursos descontraem os convidados quando são feitos em linguagem simples e objetiva, e são bem humorados - algumas pessoas têm especial talento para introduzir uma piada no contexto de suas palavras - desde que não sejam demasiado longos. Ao contrário, se fatos tristes são lembrados, o ambiente torna-se pesado e o brinde ao final fica bastante sem graça.
Se você faz um almoço especial para comemorar as boas notas de seu filho na escola, não levante um brinde "às boas notas" mas um brinde à Fernanda, pelas boas notas que teve, porque o brinde é em honra de pessoas, e não de coisas ou fatos.
Não é bom que se repita um brinde ao mesmo homenageado, pelo mesmo motivo e no mesmo evento. É aceitável, porém, que se faça se no primeiro brinde foi esquecido algum aspecto pelo qual o homenageado deveria também ser brindado. Não sendo este o caso, seguem-se discursos breves cujo fecho são palmas, e não novos brindes.
Por fim, uma citação de Aristófanes, dramaturgo grego, para quem a embriaguez trazida pelo vinho era um delírio inebriante, mas que paradoxalmente trazia lucidez:
“Rápido! tragam-me vinho para que eu umedeça a minha mente e diga algo inteligente”.
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PENSE NISSO
“Nunca se esqueça de uma coisa: a lei do retorno tarda, mas não falha. Nunca faça com os outros, o que não gostaria que fizessem com você. Ás vezes a gente até acha que está fazendo a coisa certa e nem nos damos conta que estamos prejudicando alguém. Por isso, antes de tomar qualquer atitude diante de uma situação que envolva outras pessoas, pare e reflita: e se fosse com você?”
Vasty Frazão