sábado, 20 de outubro de 2012

Lâmpada de vida - William Silva



Um poeta espião

No mundo expia

O próximo, a mentira do eu


Teu corpo, continente

Onde corro veloz

Impregnado do amor

Que respiro no tempo


Beijo teu chão, cheiro de terra

E deito em teu colo

Imerso no infinito

Lâmpada de vida


É a indiferença ou a desconfiança que nos separa?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Grupo Fundo de Gaveta participa do Encontro de Escritores Paraenses



O GRUPO FUNDO DE GAVETA RELEMBROU A TRAJETÓRIA DE 30 ANOS DEDICADOS À LITERATURA E A ÉPOCA EM QUE O MOVIMENTO CULTURAL EM BELÉM VIVIA EM EBULIÇÃO

DA REDAÇÃO
O Grupo Fundo de Gaveta participou do Encontro de Escritores Paraenses, na tarde da última quinta-feira (27/09/2012), no auditório Dalcídio Jurandir, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, durante a programação da XVI Feira Pan-Amazônica do Livro. Na ocasião, a turma composta por Zéminino, Vasco Cavalcante, Jorge Eiró, Celso Eluan, Iru Bezerra e William Silva (Paulo Castro), relembrou e contou para o público presente a trajetória da equipe de escritores, que completou 30 anos de trabalho no ano passado. O bate-papo com o público teve a intermediação da jornalista Joice Bispo.
“Nós surgimos nos anos 80, na época do saudosismo. Tínhamos muita energia para gastar e resolvemos gastar toda essa energia estudando, lendo e fazendo poesia. Criamos um grupo poeticamente pesado”, disse o artista plástico Jorge Eiró. Ele contou ainda que o Fundo de Gaveta fez parte de um tempo em que havia na cidade um movimento cultural em ebulição, com a movimentação de bares antigos e o início das oficinas de Miguel Chikaoka. O grupo se reunia semanalmente para ler e discutir, poesias, artes plásticas, novos lançamentos e etc.
Depois da experiência cada um foi tomando seu rumo, mas, para Vasco Cavalcante, até hoje o grupo permanece. “Fazer poesia todos nós fazemos em algum momento. A poesia é a única coisa que pode responder o questionamento de ser ou não ser. Então, a sensação que temos é que o Fundo de Gaveta ainda está vivo, mesmo que seja na memória”, completou.

A primeira edição do Fundo de Gaveta foi feita em 1981. Com os eventos realizados pelo grupo, padrinhos e de diversas coletas saíram os recursos para o projeto que fez com que os trabalhos literários virassem páginas de livros. “Fizemos o lançamento na Casa do Choro e as coisas fugiram ao controle. Havia os varais de poesia na praça do Carmo e na praça da República. Saía-mos com os envelopes debaixo do braço e a edição era graficamente tímida, até pelos poucos recursos", contou Eiró, um dos responsáveis pela produção gráfica da publicação.

SANGRIA
O poeta e jornalista William Silva, editor executivo do Diário do Pará, comentou que o Fundo de Gaveta teve origem a partir do Sangria, publicação alternativa de poesias, que eram acondicionadas em envelopes produzidos artesanalmente por ele e pelo amigo de infância, o também poeta Vasco Cavalcante. "A repercussão do lançamento do Sangria foi tão boa que outros jovens poetas nos procuraram solicitando espaço e então resolvemos, já em conjunto com os poetas Jorge Eiró, Celso Eluan, Iru Bezerra e Zeminino, criar o Fundo de Gaveta. O Sangria foi lançado no auditório da Casa da Juventude", esclareceu.
Eles também relembraram a participação do “Movimento Açaí”, uma época em que a sociedade paraense tinha vontade de mostrar, falar e agir de uma forma que não podia ser feita no período da ditadura. “O que sai do Fundo de Gaveta é a vontade de poder se expressar”, enfatizou Celso Eluan.
Quem esteve na platéia pode conhecer um pouco mais do grupo e relembrar cenas da Belém nos anos 80. “Gostei muito de participar desse encontro porque acabei lembrando de coisas muito boas que vivemos nos anos 80. Naquela época, as pessoas, mesmo com medo da ditadura, parece que se expressavam mais e lutavam mais pelos nossos direitos de cidadania”, afirmou a assistente social Lizandra Soares.
Após o bate-papo com o público, os autores autografaram os livros para os interessados. Todos os exemplares disponíveis foram vendidos na noite de autógrafos. (Com Agência Pará de Notícias)