quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Pai também tem instinto materno e pode contribuir com o desenvolvimento cognitivo do bebê





Dizem que, quando nasce um filho, nasce também uma mãe. Mas, a verdade é que essa afirmação cai como uma luva quando o assunto é o pai, que vai precisar aprender com esse novo integrante da família. É o que afirma Flora Victoria, embaixadora da psicologia positiva, mestre na área, pela Universidade da Pensilvânia, e presidente da SBCoaching. “Filhos não chegam com manual de instrução e todo o aprendizado envolvido vale para os dois. Mas porque, então, os pais ainda ficam em segundo plano na criação dos filhos?”, indaga Flora.

Com mais um Dia dos Pais se aproximando, a reflexão sobre o papel da figura paterna nos tempos atuais se torna ainda mais relevante. “A figura do pai é muito importante na criação de uma criança. Ele precisa atuar em parceria com a mãe, que, por sua vez, deve dar espaço para a participação do pai na vida da criança. O filho é dos dois, portanto, a troca de opinião deve ser constante, cabendo a ambos a responsabilidade sobre as decisões e os cuidados desde os primeiros momentos de vida do bebê”, explica

Entre as dicas da psicologia positiva para os pais ajudarem os filhos a florescer podemos citar a que recomenda que se promova novas competências nas crianças. Isso significa mais do que consertar o que está errado, identifique e nutra qualidades mais fortes que expressam o que elas têm de melhor e ajude-as a encontrar nichos nos quais possam viver melhor essas forças.

O comportamento masculino em todos os estágios do desenvolvimento infantil tem mudado bastante nos últimos tempos. Entre os anos 1940 e 1950, o pai era visto como mero provedor, cabendo à mãe o papel de cuidadora. Mas essa relação já não é a mesma, cabendo, hoje, também ao pai o protagonismo na construção em parceria com a mãe de uma relação de troca de valores, compreensão mútua, comunicação, respeito e equilíbrio em todas as decisões que dizem respeito aos filhos.

E, assim como as mães, os pais de participação e voz ativa também enfrentam desafios à frente desse papel. A rotina profissional agitada, a volta para casa sempre tarde da noite, aliada ao cansaço, fazem com que, nem sempre, sobre tempo ou disposição para os filhos. Isso também gera sentimento de culpa paterna - o que não significa que eles não sejam capazes de cuidar das crianças.

“O importante não é a quantidade de tempo com os filhos, mas sim a qualidade da convivência. Meia hora de brincadeira vale muito mais do que uma hora, sentados juntos na sala, com o pai mexendo no seu celular e o filho no videogame, sem nenhuma interação entre eles”, explica Flora.

INSTINTO MATERNO

Atualmente, os homens têm uma participação mais ativa na criação dos filhos. Hoje, um pai passa mais tempo com seus filhos do que os pais de 50 anos atrás. Ainda assim, 58,3% dos pais brasileiros acham que não passam tempo suficiente com sua família, segundo pesquisa realizada pela Catho. Se no passado a figura do provedor da família era motivo de orgulho, para o homem de hoje o papel de pai vai muito além disso, seguindo por vezes caminhos inusitados como o instinto materno.

Um estudo da Universidade de Bar-Ilan, em Israel, revelou que o ato de cuidar dos filhos aciona no cérebro do pai alguns circuitos similares aos que são ativados no cérebro das mães. Ou seja, o ‘instinto materno’ não é uma exclusividade das mulheres.

O envolvimento do pai contribui para o desenvolvimento cognitivo do bebê, o que prossegue ao longo do seu crescimento. A presença paterna estimula as competências emocionais da criança, como a habilidade de resolver problemas, interesse, motivação e valorização do aprendizado e o próprio desempenho escolar.

SER UM BOM PAI

Os benefícios de ser um bom pai não se limitam aos efeitos positivos experimentados pela família. Pais satisfeitos com sua atuação sentem-se mais eficazes e confiantes. Geralmente, são mais estimulados a ter uma vida social ativa e apresentam uma maior capacidade de controlar o estresse relacionado ao trabalho. Além disso, a motivação de suprir as necessidades dos filhos pode representar um poderoso impulso na carreira. Como isso é possível? Por meio da qualidade do tempo que o pai passa com os filhos.
Conciliar família e trabalho é possível, mas essa combinação é fruto de escolhas planejadas que envolvem toda a família, como a construção de redes de apoio em casa e no trabalho, além de um constante autogerenciamento para cumprir as obrigações, tanto familiares quanto profissionais.

DICAS

De acordo com a psicologia positiva, forças de caráter (qualidades, virtudes e forças pessoais) estão ligadas ao nosso potencial e trabalhá-las é um modo de desenvolver competências. Abaixo algumas dicas do que você pode começar a praticar neste domingo, em comemoração ao Dias dos Pais e depois, guardar, como mandamentos para a sua vida paterna.

Não elogie apenas o talento. A cada conquista do seu filho cumprimente-o também pelo esforço que ele empreendeu;

Seja engajado: esteja sempre envolvido nas atividades do filho, seja nos estudos, brincadeiras e nos esportes. O pai deve ter participação ativa;

Evite usar palavras do tipo “você é burro, você é ignorante, você não sabe fazer as coisas direito, você não tem jeito, você não tem dom para fazer isso”. Elimine, evite ao máximo este tipo de linguajar com o seu filho.

Quando ele está falando, escute ativamente sem interrompê-lo. Escute, entenda palavra por palavra do que ele está falando e não apenas ouça superficialmente, fazendo uma interpretação, muitas vezes, equivocada.

Faça seu filho refletir sobre o processo que o levou a realizar alguma coisa. Pergunte: Como você teve essa ideia? O que você fez para chegar a esse resultado? Conte-me, como foi que você fez isso?

Ao invés de reclamar dos seus filhos, seja grato com a natureza que te presenteou com eles. Quando você olhar para eles e estiverem fazendo alguma coisa, ao invés de somente reclamar, busque a gratidão. Enquanto você os tem, muitos pais gostariam de ter e não podem.

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PENSE NISSO

“A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar no que ninguém pensou”.

A. Szent-Gyorgyi


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